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Transferência

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TRANSFERÊNCIA NA PSICANÁLISE: UM CONCEITO FUNDAMENTAL Etimologia: Transferência : do latim  transferre , composto de  trans-  (além, para o outro lado) e  ferre  (levar, carregar). Literalmente, “carregar para outro lugar”. A transferência é um dos pilares da teoria e da clínica psicanalítica. Trata-se de um fenômeno central, descrito inicialmente por Sigmund Freud em 1895, mas sistematizado em sua complexidade a partir de 1905, sobretudo no caso clínico de Dora ("Fragmento da análise de um caso de histeria"). É através da transferência que o passado irrompe no presente da análise. O paciente desloca para a figura do analista os afetos, fantasias, desejos, medos e expectativas que foram originalmente dirigidos a figuras significativas de sua infância - sobretudo os pais. O termo “transferência” vem do latim trans-ferre , que significa literalmente “levar através”, “transportar”. No campo psicanalítico, significa transportar sentimentos de uma relação passada pa...

Deslocamento e Condensação

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Deslocamento e Condensação - Típicos do Trabalho do Sonho e as Noções Linguísticas de Metonímia e Metáfora. No palco noturno da alma, onde o inconsciente escreve sem censura, o sonho trabalha como um poeta enigmático. Freud nomeou dois de seus artífices principais: deslocamento e condensação  - engrenagens do processo primário, mecanismos do Trieb , onde o desejo se disfarça para atravessar o muro da censura psíquica. Condensação , do latim condensare (“tornar denso, espesso”), é a fusão de múltiplas ideias, imagens ou lembranças em um só elemento onírico. É como se o sonho fosse uma tapeçaria onde fios diversos se entrelaçam num único nó simbólico. Um rosto sonhado pode conter os traços da mãe, do amor perdido e de um medo antigo - tudo ao mesmo tempo. Lacan viu nisso o parentesco com a metáfora , onde um significante substitui outro, criando sentido por superposição. Deslocamento , do latim dislocare (“tirar do lugar”), é o truque do inconsciente para desviar o foco do desej...

Mecanismo de Defesa: A Concepção do Eu de Sócrates à Freud

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🧠 Mecanismo de Defesa: A Concepção do Eu de Sócrates à Freud A busca pelo autoconhecimento atravessa milênios, e tanto Sócrates quanto Freud dedicaram-se, cada um a seu modo, a entender o que chamamos de “Eu”. Ambos, ainda que separados por séculos, partilharam da ideia de que há uma parte desconhecida dentro de nós. Para Sócrates, era preciso “conhecer a si mesmo” para alcançar a virtude. Para Freud, era necessário “tornar consciente o inconsciente” para lidar com o sofrimento psíquico. 📜 Etimologia e Conceito de "Eu" A palavra "Eu" vem do latim ego , que significa "eu mesmo". Na Grécia antiga, o termo próximo seria psyche (ψυχή), alma. Sócrates falava do Eu como a essência racional do ser humano. Já Freud, no século XX, o dividiu em três instâncias: Id (isso), Ego (eu) e Superego (super-eu) , construindo o famoso aparelho psíquico. 🧱 O que são os Mecanismos de Defesa? Para Freud, o Ego é responsável por mediar os impulsos do Id (desejos i...

Freud - Sobre o Livro "Moisés e o Monoteísmo".

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"Moisés e o Monoteísmo" de Freud: A Psicologia da Religião e a Crítica ao Judaísmo ✡️📚 O livro "Moisés e o Monoteísmo" , escrito por Sigmund Freud entre 1934 e 1938 e publicado em 1939, é uma das obras mais polêmicas e controversas do autor. Nesse trabalho, Freud se aventura a reinterpretar a história religiosa e cultural do povo judeu, buscando analisar a figura de Moisés à luz da psicanálise e do desenvolvimento da religião monoteísta. Freud parte de uma hipótese ousada e provocadora: ele sugere que Moisés, em sua essência, não teria sido judeu, mas egípcio. De acordo com a teoria freudiana, Moisés teria sido um sacerdote egípcio que adotou o monoteísmo, que, na visão de Freud, teve raízes no culto de Aton, o deus solar de Akhenaton, um faraó egípcio. Freud acredita que, ao ser expulso do Egito, Moisés teria levado consigo essa crença e imposto a ideia de um Deus único ao povo hebreu, criando o que conhecemos como monoteísmo judaico. A Relação com o Complexo ...

Os Chistes e Sua Relação com o Inconsciente: O Humor na Visão de Freud

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🧠 Os Chistes e Sua Relação com o Inconsciente: O Humor na Visão de Freud 😄 O humor, muitas vezes tratado como algo leve ou meramente recreativo, ganhou uma dimensão profunda na obra de Sigmund Freud . Em seu livro "O Chiste e sua Relação com o Inconsciente" ( Der Witz und seine Beziehung zum Unbewußten , 1905), o pai da psicanálise revela como os chistes – forma de expressão semelhante às piadas – são uma via privilegiada para o acesso ao inconsciente. 📚✨ 🤔 O que são os chistes? Freud distingue os chistes das simples piadas. Enquanto uma piada pode ser vista como algo banal, o chiste carrega mecanismos psíquicos complexos . Ele surge como uma forma de condensar conteúdos reprimidos, criando um atalho para a expressão do inconsciente , mas de maneira socialmente aceitável e até engraçada. Para Freud, o chiste funciona como o sonho ou o sintoma neurótico : um disfarce para desejos e pensamentos que não poderiam ser ditos diretamente. Ao fazer alguém rir, o chiste pe...

Freud e a Simbologia do Anel de Príncipe

💍 O Anel de Príncipe de Freud: Símbolo de Aliança e Ruptura na Psicanálise 🧠 A história da psicanálise não é feita apenas de teorias e divãs, mas também de símbolos profundos , rituais discretos e laços pessoais intensos. Um dos gestos mais marcantes de Sigmund Freud foi o presente de um anel de ouro , conhecido como o “anel de príncipe” , dado a alguns de seus colaboradores mais íntimos — um objeto carregado de significado simbólico, poder e lealdade . 👑 📍 O que era o “Anel de Príncipe”? O anel de príncipe (Prinzring, em alemão) era um anel de ouro , de estilo simples porém imponente, que Freud entregava pessoalmente a alguns poucos membros do seu círculo psicanalítico, como um gesto de confiança, honra e filiação simbólica à sua “família psicanalítica”. Esse ritual foi claramente inspirado em tradições de linhagem e cavalaria , onde o anel era um símbolo de herança, aliança e fidelidade . Freud, que sempre teve um profundo interesse por arqueologia, mitologia e símbolos, us...

Libido e Complexo de Édipo: pilares do desenvolvimento psíquico segundo a Psicanálise

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A psicanálise, fundada por Sigmund Freud , trouxe ao mundo um olhar profundo sobre as origens do comportamento humano. Entre seus conceitos mais fundamentais estão a libido e o Complexo de Édipo — estruturas que moldam o nosso desejo, os afetos e a identidade desde a infância. Entender essas ideias é mergulhar na gênese do sujeito, do prazer, da culpa e da lei. 🧬 Etimologia: o que significam Libido e Édipo? A palavra libido vem do latim libido, libidinis , que significa “desejo”, “anseio”, “apetite” — especialmente no sentido de um impulso interior intenso, muitas vezes ligado ao prazer. Já Édipo vem do grego Oidípous , que significa “pés inchados” (referência ao mito em que Édipo teve os pés perfurados na infância). Freud tomou emprestado esse mito para representar o drama do desejo infantil em relação aos pais. 🧠 O que é a libido? Para Freud, a libido é a energia psíquica do desejo , especialmente a energia ligada à sexualidade. Mas atenção: sexualidade, na psicanálise, ...

Complexo de Édipo

👶💔 Complexo de Édipo: entenda esse conceito central da Psicanálise O Complexo de Édipo é um dos conceitos mais conhecidos e importantes da psicanálise . Criado por Sigmund Freud , ele ajuda a entender como se forma a estrutura psíquica do sujeito , especialmente durante a infância. Mas afinal, o que é isso? Neste artigo, você vai entender: 🧠 O que é o Complexo de Édipo 📜 De onde vem esse nome 🧒 Como ele se manifesta na infância 🔄 A diferença entre meninos e meninas 👨‍👩‍👧‍👦 A importância do Édipo para a vida adulta 📚 Referências bibliográficas confiáveis 🧠 O que é o Complexo de Édipo? Na visão da psicanálise freudiana, o Complexo de Édipo é uma fase fundamental do desenvolvimento psíquico, que ocorre aproximadamente entre os 3 e 6 anos de idade . Nessa fase, a criança: 💘 Desenvolve um desejo amoroso inconsciente pelo genitor do sexo oposto ⚔️ E um sentimento de rivalidade com o genitor do mesmo sexo Exemplo clássico: o menino deseja a mã...

O Neurótico e a Interdição do Desejo: Freud e Lacan em Diálogo

Para Freud, a neurose surge da repressão (Verdrängung) de desejos inconscientes, especialmente os edipianos, interditos pela lei simbólica do superego. O neurótico, preso ao conflito entre pulsão e proibição, substitui o desejo original por sintomas — formações compromissivas que mascaram o interdito. O sofrimento decorre da culpa inconsciente, gerada pela internalização da autoridade paterna (complexo de Édipo), que censura aspirações incestuosas e agressivas. O desejo, assim, permanece como resto inacessível, perturbando a consciência através de atos falhos, sonhos e angústia.   Lacan ressignifica essa interdição, situando-a na relação do sujeito com o Outro (A). A neurose, para ele, é uma estrutura vinculada à renúncia ao desejo em nome do gozo (jouissance) do Outro. O neurótico se submete à Lei simbólica (Nome-do-Pai), que interdita o gozo absoluto, mas, paradoxalmente, fantasia que o Outro detém o objeto de seu desejo (objeto a). Essa dinâmica gera um impasse: o desejo é ...

A Libido na Visão Psicanalítica

🔥 A Libido na Visão Psicanalítica: Origem, Conceito e Exemplos A palavra libido é frequentemente associada ao desejo sexual, mas na psicanálise , ela tem um significado muito mais amplo e profundo. 💭 Neste artigo, você vai entender o que é a libido segundo Freud, de onde vem esse conceito, como ele evoluiu e quais são os exemplos mais marcantes da libido nas diferentes fases da vida . Vamos nessa? 📚 Origem da Palavra "Libido" O termo libido vem do latim , significando “desejo”, “anseio” ou “apetite” . Ou seja, desde sua origem, libido está ligada à ideia de impulso e movimento em direção a algo que nos dá prazer ou satisfação. 😌 Antes de Freud, a palavra já era usada em contextos médicos e filosóficos, mas foi na psicanálise freudiana que ela ganhou um status central na compreensão do funcionamento psíquico . 🧠 Quem Criou o Conceito de Libido? 🎩 Sigmund Freud , o pai da psicanálise, foi quem desenvolveu o conceito de libido como a energia psíquica dos instinto...

As Pulsões Humanas: O Que Nos Move Segundo Freud e Lacan

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Na psicanálise, pulsão (do alemão Trieb ) é uma força psíquica que brota entre o corpo e a mente, buscando descarregar uma tensão interna. Não é um instinto, mas uma energia que liga o biológico ao psíquico . Freud a define como um "conceito-fronteira" entre o somático e o mental. As pulsões não visam objetos específicos, mas buscam satisfação — como as pulsões de vida ( Eros ) e de morte ( Thanatos ). Elas moldam nossos desejos, sonhos e sintomas. São, em essência, a dança invisível do inconsciente em direção ao prazer, mesmo que com sofrimento. 💫 Você já percebeu como, às vezes, repetimos comportamentos que nem sempre fazem sentido racional? 🤔 Seja o impulso de ajudar alguém que nos magoou, seja a insistência em escolhas que nos fazem sofrer, algo nos empurra — por dentro. Na psicanálise , esse “algo” é chamado de pulsão . Neste artigo, vamos entender o conceito de pulsões humanas segundo Freud e Lacan , com exemplos práticos e acessíveis, para que você possa aplica...

O Mal-Estar na Civilização: Freud e a Dor de Ser Humano

Por que sentimos culpa mesmo quando ninguém nos acusa? Por que a busca pela felicidade parece sempre esbarrar em limitações internas e externas? Em O mal-estar na civilização e outros textos escritos entre 1930 e 1936, Sigmund Freud nos oferece uma das análises mais profundas e inquietantes sobre a condição humana e os efeitos da cultura sobre o nosso psiquismo. Este artigo explora os principais conceitos dessa fase madura do pensamento freudiano e propõe reflexões sobre como esses escritos continuam atuais – especialmente para quem busca compreender a si mesmo e os desafios do viver em sociedade. 🧠 Freud e o Mal-Estar: O Conflito entre Cultura e Pulsão Freud afirma que a civilização, para existir, precisa reprimir as pulsões humanas – sobretudo as sexuais e agressivas. Essa repressão, embora necessária para a convivência, gera um profundo mal-estar psíquico nos indivíduos. Principais ideias: Superego e culpa inconsciente: A cultura cria um superego severo que pune não só ...