As Pulsões Humanas: O Que Nos Move Segundo Freud e Lacan

Você já percebeu como, às vezes, repetimos comportamentos que nem sempre fazem sentido racional? 🤔 Seja o impulso de ajudar alguém que nos magoou, seja a insistência em escolhas que nos fazem sofrer, algo nos empurra — por dentro. Na psicanálise, esse “algo” é chamado de pulsão.

Neste artigo, vamos entender o conceito de pulsões humanas segundo Freud e Lacan, com exemplos práticos e acessíveis, para que você possa aplicar esse conhecimento ao seu autoconhecimento e à sua jornada de transformação interior 🌱

🔍 O Que São Pulsões Humanas?

As pulsões são forças internas que nascem no corpo, mas se manifestam na mente e no comportamento. Freud define a pulsão como uma energia psíquica intermediária entre o somático (corpo) e o psíquico (mente).

🧩 Características básicas da pulsão (Freud):

  1. Fonte: origem corporal do impulso (ex: fome, libido);

  2. Pressão: intensidade da força que exige satisfação;

  3. Meta: o objetivo, geralmente o alívio da tensão;

  4. Objeto: aquilo que proporciona a satisfação (que pode variar).

⚖️ As Pulsões em Freud: Vida e Morte

Freud dividiu as pulsões em dois grandes grupos:

🌿 Pulsões de Vida (Eros)

Relacionadas à sexualidade, ao amor, à preservação da vida e à criação. São forças de união e construção.

🧠 Exemplo prático:
Alguém que cuida de uma planta, educa um filho ou pinta um quadro está canalizando energia pulsional de vida. Até o ato de escrever um texto pode ser uma forma de sublimar o desejo erótico.

💀 Pulsões de Morte (Thanatos)

Tendências destrutivas, repetitivas, agressivas ou autossabotadoras. Impulsionam o sujeito a voltar ao estado inorgânico.

🧠 Exemplo prático:
Uma pessoa que sabota relacionamentos, repete padrões destrutivos ou se envolve em comportamentos de risco está, muitas vezes, agindo sob o domínio das pulsões de morte.

🌀 Lacan: A Pulsão Gira em Torno do Objeto

Lacan reinterpreta Freud à luz da linguagem. Para ele, a pulsão não busca um objeto específico, mas gira em torno dele. O que está em jogo é o gozo (jouissance) — uma satisfação que vai além do prazer e pode até envolver sofrimento.

🔥 Gozo x Prazer:

  • Prazer: reduz a tensão (ex: comer quando se tem fome);

  • Gozo: persiste mesmo na dor, no excesso, na repetição (ex: insistir em algo que nos faz mal, mas “dá sentido” à nossa existência).

🧠 Exemplo prático:
Alguém que se expõe exageradamente nas redes sociais pode estar mais interessado no gozo de ser visto do que nos “likes” em si. Não é o objeto (curtida), mas a cena repetida que importa.

💭 Pulsão Não É Desejo

Freud e Lacan concordam: pulsão e desejo não são a mesma coisa.

🔑 Desejo é sempre desejo de algo que falta. Ele é da ordem do simbólico, nasce da linguagem, e nunca se satisfaz completamente.

🔄 Pulsão, por sua vez, pode se satisfazer parcialmente (com o objeto substituto), mas tende a se repetir — ela “dá voltas”, retornando ao mesmo ponto. Lacan chamava isso de “circuito da pulsão”

👀 Como Reconhecer Pulsões no Dia a Dia?

🖼️ Na arte: Uma pessoa que escreve compulsivamente ou pinta obsessivamente pode estar sublimando suas pulsões.
🛒 No consumo: Comprar compulsivamente pode ser uma forma de preencher simbolicamente uma falta.
🗣️ Na fala: Repetir histórias de trauma ou dor é uma tentativa inconsciente de elaborar o que a pulsão insiste em trazer à tona.

💡 Por Que Compreender as Pulsões?

Entender como funcionam nossas pulsões é essencial para:

✅ Compreender padrões repetitivos;
✅ Romper ciclos de sofrimento;
✅ Aprofundar o autoconhecimento;
✅ Transformar energia destrutiva em criação (sublimação);
✅ Ampliar a consciência sobre nossos desejos e escolhas.

📚 Referências Bibliográficas

  • FREUD, Sigmund. Além do Princípio do Prazer. Imago, 1996.

  • FREUD, Sigmund. Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. Imago, 1996.

  • LACAN, Jacques. O Seminário, Livro 11: Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise. Zahar, 1985.

  • LACAN, Jacques. Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

  • MILLER, Jacques-Alain. Introdução à Clínica Lacaniana. Zahar, 2002.

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