Mecanismo de Defesa: A Concepção do Eu de Sócrates à Freud

A Concepção do Eu de Sócrates à Freud

🧠 Mecanismo de Defesa: A Concepção do Eu de Sócrates à Freud

A busca pelo autoconhecimento atravessa milênios, e tanto Sócrates quanto Freud dedicaram-se, cada um a seu modo, a entender o que chamamos de “Eu”. Ambos, ainda que separados por séculos, partilharam da ideia de que há uma parte desconhecida dentro de nós. Para Sócrates, era preciso “conhecer a si mesmo” para alcançar a virtude. Para Freud, era necessário “tornar consciente o inconsciente” para lidar com o sofrimento psíquico.

📜 Etimologia e Conceito de "Eu"

A palavra "Eu" vem do latim ego, que significa "eu mesmo". Na Grécia antiga, o termo próximo seria psyche (ψυχή), alma. Sócrates falava do Eu como a essência racional do ser humano. Já Freud, no século XX, o dividiu em três instâncias: Id (isso), Ego (eu) e Superego (super-eu), construindo o famoso aparelho psíquico.

🧱 O que são os Mecanismos de Defesa?

Para Freud, o Ego é responsável por mediar os impulsos do Id (desejos inconscientes) com as exigências do Superego (valores morais). Quando esse conflito se torna intenso, o ego lança mão de mecanismos de defesa — estratégias inconscientes que protegem o sujeito da angústia e da culpa. 😵‍💫

🔍 Sócrates e o Início da Autodefesa Psíquica

Embora Sócrates não fale diretamente em “mecanismos de defesa”, sua prática dialógica expunha como as pessoas resistem a conhecer suas próprias contradições. Em seus diálogos, ao questionar os cidadãos atenienses, muitos reagiam com irritação, ironia ou negação — comportamentos hoje reconhecidos como defesas contra verdades dolorosas. 🛡️

🧪 Exemplos práticos de Mecanismos de Defesa

  1. Negação (Freud): é quando a pessoa se recusa a aceitar uma realidade evidente.
    Exemplo: alguém que continua vivendo como se nada tivesse mudado após uma separação.

  2. Racionalização: justificar com argumentos racionais um comportamento motivado por desejos inconscientes.
    Exemplo: "Não fui chamado para o emprego porque eles não valorizam profissionais como eu", em vez de reconhecer a falta de preparo.

  3. Projeção: atribuir ao outro sentimentos que são seus.
    Exemplo: uma pessoa agressiva acusando os outros de serem hostis com ela.

  4. Formação Reativa: expressar o oposto do que se sente para esconder o verdadeiro afeto.
    Exemplo: tratar alguém com extrema gentileza para encobrir inveja ou raiva.

🧘‍♂️ Convergências entre Sócrates e Freud

Ambos enxergaram que o sujeito mente para si mesmo. Sócrates buscava desvelar a ignorância por meio do diálogo. Freud revelava os conflitos internos através da associação livre, análise dos sonhos e lapsos de linguagem. Em comum: o Eu não é o que parece — ele é atravessado por forças ocultas, seja a ignorância (Sócrates), seja o inconsciente (Freud). 🔍

🧩 Por que isso é importante?

Entender os mecanismos de defesa nos ajuda a ser menos reféns das próprias ilusões. É reconhecer que, muitas vezes, reagimos de forma automática para não encarar aquilo que nos fere. O trabalho psicanalítico e filosófico é, portanto, desmascarar o eu idealizado e construir um Eu mais consciente de seus conflitos, fragilidades e potencialidades.

📚 Referências Bibliográficas:

  • Freud, S. (1926). Inibições, Sintomas e Ansiedade.

  • Freud, S. (1923). O Ego e o Id.

  • Platão. Apologia de Sócrates.

  • Laplanche, J. & Pontalis, J.-B. Vocabulário da Psicanálise.

  • Nasio, J.-D. O Livro da Dor e do Alívio.

  • Safra, G. O Eu e os Outros na Psicanálise.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AULA DE YOGA NA ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE PINDAMONHANGABA - SP / MINISTRADA NO DIA 05/03/2024

ALINHAMENTO NAS POSTURAS DO YOGA

O YOGA É INCLUIDO COMO PRÁTICA OFICIAL DE SAÚDE NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRASIL

A IMPORTÂNCIA DA MEDITAÇÃO NO YOGA

AS 4 CONTRAÇÕES (BANDHAS) DO YOGA

MINDFULNESS: UMA PRÁTICA DE ATENÇÃO PLENA PARA UMA VIDA MAIS CONSCIENTE

MANTRAS