Poesia: A voz que escuta
A Voz que Escuta
Quando o sujeito fala,
As palavras deslizam
como rios,
Fluem do inconsciente, atravessam margens,
Mas
quem a escuta, na vastidão interna?
O que se diz ecoa nas paredes da alma,
É o
"eu" que fala ou outro, oculto em sombras?
Na
associação livre, algo se revela,
Mas alguém, em silêncio,
está sempre a ouvir.
A língua tropeça em desejos velados,
Vontades
contidas, medos camuflados,
E no abismo do dito, surge uma
presença,
Quem é aquele que, oculto, escuta o que é dito?
Se a fala revela o que o inconsciente oculta,
Há
um espectador nas profundezas da mente,
Escuta-se a si mesmo, ou
algo além?
Quem é Aquele que decifra o revelado?
O Sujeito se perde nas tramas do discurso,
E
ao falar, encontra um outro dentro,
Que ouve, que sente, que
sabe o que há,
A verdade secreta que o "eu" não pode
enxergar.
Talvez seja o desejo, talvez seja o medo,
Ou
uma figura ancestral que lá dentro habita,
Escuta-se ao falar,
e ao escutar-se,
Descobre-se o mistério de Si Próprio.
Na associação livre, o verbo é chave,
Mas o
ouvido é o portal que leva além.
Quem fala e quem ouve se
confundem,
E o sujeito, dividido, conhece-se enfim.
Ruy de Oliveira .∙.
Acadêmico de Psicanálise IBRAPSI
18/03/25
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