Postagens

Mostrando postagens com o rótulo POESIA

Poema - A Luz de Rama Putra Das

 🌿 A Luz de Rama Putra Das Que a flauta de Krishna siga soando, nos campos serenos da tua alma, pois em ti, Rama Putra Das, há um eco suave do divino. Teus passos não tocam apenas o chão, mas acordam corações adormecidos. Teu sorriso é semente, tua palavra, abrigo. És como o rio que não impõe caminho, mas convida à travessia. Tua presença é ponte, é prece sem ruído, é inspiração que dança no olhar de quem te vê. Krishna, com seu olhar azul infinito, há de te guiar como sempre guiou: com amor que não exige, com graça que não se mede, com o sopro eterno da verdade. Que tua vida continue sendo um templo que caminha, uma oferenda viva de bondade e consciência. E que onde fores, leve contigo o brilho sereno de Vrindávana. Para o meu amigo e irmão Ramaputra Das! 21/04/2025.

A Angústia do Outro

Há um silêncio entre mim e o mundo onde mora a pergunta que não se cala: O que o Outro quer de mim? Não sei. Mas tremo. Tremo diante do olhar que me atravessa, do gesto que não compreendo, da palavra que insinua um desejo — mas nunca o diz. A angústia, essa centelha que arde no peito, não nasce da ausência, mas do excesso. Do excesso de sentido que me escapa. Do desejo que me interpela sem que eu saiba o que ofertar. Sou aquele que busca ser visto no espelho do Outro, mas o espelho quebra — e me corta. Sou pedaço de linguagem, falta ambulante, eco de uma demanda que nunca é minha, mas que me funda. E nessa falta, nessa ausência central, brota o que sou: não inteiro, mas dividido. Porque desejar é sempre desejar o desejo do Outro , e viver é tentar ser resposta a uma pergunta que nunca foi feita.  

Poesia: A voz que escuta

A Voz que Escuta Quando o sujeito fala, As palavras deslizam como rios, Fluem do inconsciente, atravessam margens, Mas quem a escuta, na vastidão interna? O que se diz ecoa nas paredes da alma, É o "eu" que fala ou outro, oculto em sombras? Na associação livre, algo se revela, Mas alguém, em silêncio, está sempre a ouvir. A língua tropeça em desejos velados, Vontades contidas, medos camuflados, E no abismo do dito, surge uma presença, Quem é aquele que, oculto, escuta o que é dito? Se a fala revela o que o inconsciente oculta, Há um espectador nas profundezas da mente, Escuta-se a si mesmo, ou algo além? Quem é Aquele que decifra o revelado? O Sujeito se perde nas tramas do discurso, E ao falar, encontra um outro dentro, Que ouve, que sente, que sabe o que há, A verdade secreta que o "eu" não pode enxergar. Talvez seja o desejo, talvez seja o medo, Ou uma figura ancestral que lá dentro habita, Escuta-se ao falar, e ao escutar-se, Descobre-se...