RESUMO DO QUE É VEDANTA?

imagem com mestre explicando sobre vedanta

Vedanta é uma das tradições filosóficas mais antigas e influentes da Índia, enraizada nos ensinamentos dos Vedas, as escrituras sagradas do hinduísmo. "Vedanta" significa literalmente "o fim dos Vedas" (do sânscrito "Veda" – conhecimento, e "Anta" – fim ou conclusão), referindo-se tanto à parte final dos Vedas, os Upanishads, quanto ao conhecimento supremo que esses textos oferecem. Vedanta é, portanto, uma filosofia que busca compreender a natureza da realidade, do eu e do universo, culminando na libertação (moksha).

O Vedanta baseia-se em três textos principais conhecidos como Prasthanatrayi, que formam a base do estudo e da prática vedântica:

1. Upanishads: São as partes finais dos Vedas, contendo ensinamentos filosóficos que discutem a natureza do Brahman (a realidade última ou absoluto) e do Atman (a alma ou o eu verdadeiro). Os Upanishads abordam a relação entre o indivíduo e o cosmos, explorando temas como a imortalidade, a essência da existência e a unidade entre o Atman e o Brahman.

2. Brahma Sutras: Também conhecidos como Vedanta Sutras, estes textos, escritos por Badarayana, sintetizam os ensinamentos dos Upanishads, fornecendo uma estrutura lógica e sistemática para o estudo do Vedanta. Eles abordam questões filosóficas complexas e clarificam o significado das escrituras.

3. Bhagavad Gita: Um diálogo épico entre o príncipe Arjuna e o Senhor Krishna, parte do Mahabharata, a Gita combina ensinamentos práticos e filosóficos sobre o dever (dharma), a devoção (bhakti) e o conhecimento (jnana). É um texto central que integra os princípios do Vedanta com a prática diária e a espiritualidade.

Principais Escolas do Vedanta

O Vedanta se desdobra em várias escolas de pensamento, das quais as três mais influentes são:

1. Advaita Vedanta (Não-Dualismo): Propagada por Adi Shankaracharya no século VIII, essa escola ensina que o Brahman é a única realidade, e o mundo material é uma ilusão (Maya). Segundo o Advaita, o Atman (o eu individual) é idêntico ao Brahman, e a ignorância dessa verdade leva ao ciclo de nascimentos e mortes (samsara). A libertação (moksha) é alcançada através do conhecimento (jnana) dessa unidade.

2. Vishishtadvaita Vedanta (Não-Dualismo Qualificado): Fundada por Ramanuja, essa escola aceita a existência de uma distinção entre o Brahman e as almas individuais, mas enfatiza que elas são inseparáveis, como as partes de um todo. Brahman é visto como pessoal e dotado de atributos, e a devoção (bhakti) é o caminho para alcançar a união com o divino.

3. Dvaita Vedanta (Dualismo): Fundada por Madhvacharya, essa escola sustenta que o Brahman e as almas individuais são eternamente distintos. Brahman, ou Vishnu, é a realidade suprema e distinta de todas as almas e da matéria. A salvação é obtida através da devoção a Deus, reconhecendo-se a separação entre o eu e o divino.

Vedanta e a Busca pela Liberação (Moksha)

O objetivo principal do Vedanta é a libertação ou moksha, que é a liberação do ciclo de nascimento e morte e a realização da união com Brahman. Essa libertação não é apenas uma libertação do sofrimento, mas uma realização da verdadeira natureza do eu como sendo uma com o absoluto. A prática do Vedanta envolve:

1. Sravanam (Ouvir): Escutar os ensinamentos das escrituras sob a orientação de um guru.

2. Mananam (Refletir): Refletir profundamente sobre os ensinamentos para remover dúvidas.

3. Nididhyasanam (Meditação Profunda): Meditar continuamente sobre a verdade até que a realização da unidade do Atman com Brahman seja plenamente alcançada.

Impacto do Vedanta na Vida Contemporânea

O Vedanta continua a ter um impacto profundo, não só na Índia, mas globalmente, influenciando pensadores, espiritualistas e praticantes em busca de um entendimento mais profundo da vida e da realidade. Ele oferece uma perspectiva integrativa que transcende barreiras culturais e religiosas, promovendo uma visão de unidade e interconexão.

No contexto contemporâneo, o Vedanta é aplicado como uma filosofia de vida, que incentiva a prática de valores éticos, a auto-realização e o desapego dos frutos das ações, ajudando os indivíduos a viverem com paz interior e clareza espiritual.

Ruy de Oliveira .∙.

Referências

1. Radhakrishnan, S. (1953). The Principal Upanishads. Harper & Brothers.

2. Shankara, A. (1977). Crest Jewel of Discrimination (Vivekachudamani). Sri Ramakrishna Math.

3. Prabhavananda, S., & Isherwood, C. (2002). How to Know God: The Yoga Aphorisms of Patanjali. Vedanta Press.

4. Swami Vivekananda. (2001). The Complete Works of Swami Vivekananda. Advaita Ashrama.

5. Deutsch, E. (1980). Advaita Vedanta: A Philosophical Reconstruction. University of Hawaii Press.

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