O Sujeito Simbólico e o Significante na Psicanálise
Na visão psicanalítica, especialmente na obra de Jacques Lacan, o sujeito simbólico é aquele que se constitui na linguagem. Ele não é um “eu” consciente, coeso e dono de si, mas sim um sujeito dividido, estruturado pelo inconsciente, que é, segundo Lacan, “estruturado como uma linguagem”.
📌 Etimologia:
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Sujeito vem do latim subiectus, que significa “colocado sob”.
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Simbólico deriva do grego symbolon, que era um objeto dividido em dois, cujas partes serviam para reconhecimento.
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Significante tem origem no latim significare, “dar sentido, marcar com um sinal”.
🧩 O que é o sujeito simbólico?
O sujeito simbólico não é o mesmo que o sujeito da razão ou da consciência. Ele emerge como efeito do significante — ou seja, das palavras, dos nomes, das identificações que vêm do Outro (família, cultura, linguagem). Esse sujeito só existe porque é falado, nomeado, inscrito na linguagem desde antes de nascer.
👶 Exemplo: antes mesmo de vir ao mundo, um bebê já é nomeado, desejado (ou não), já se projetam sobre ele significantes como "filho", "herdeiro", "problema", "milagre". Esses significantes marcam seu lugar simbólico no mundo — e moldam profundamente seu inconsciente.
🔗 O que é um significante?
Na psicanálise lacaniana, o significante é diferente do “significado” linguístico. Ele é uma marca da linguagem que representa o sujeito para outro significante. Em outras palavras, o sujeito nunca se representa por completo — ele está sempre em falta, sempre em busca, pois há sempre algo que escapa.
🎭 Exemplo prático: uma pessoa que sempre repete o padrão de se envolver com parceiros indisponíveis pode estar presa a um significante inconsciente como “abandono” ou “rejeitado”. Esse significante organiza sua experiência emocional — mesmo sem que ela se dê conta disso.
🌀 O sujeito é efeito do significante
Segundo Lacan, “é o significante que representa o sujeito para outro significante”. Isso significa que o sujeito é dividido, e o que se apresenta como “identidade” é apenas uma construção simbólica. Por isso, na clínica, não se busca o “verdadeiro eu”, mas sim entender como os significantes estruturam o sofrimento.
📚 Na escuta analítica, ao falar, o sujeito se escuta — e pode associar livremente até encontrar os significantes que marcaram seu desejo, suas angústias, suas repetições. Esse é o trabalho do autoconhecimento em psicanálise.
✨ Conclusão
Entender o sujeito simbólico e o papel do significante é essencial para qualquer estudante de psicanálise. Isso permite ir além da ideia de que o sofrimento psíquico está apenas em “pensamentos conscientes” ou “emoções desajustadas”. Na escuta clínica, busca-se ler o que o inconsciente revela na fala, nas repetições e nos lapsos. O sujeito não é dono da sua história — é efeito de uma rede de significantes que a análise tenta decifrar. 🔍🧠
📚 Referências bibliográficas
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Lacan, J. (1966). Escritos. Rio de Janeiro: Zahar.
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Lacan, J. (1953–1980). Os Seminários. Vários volumes.
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Freud, S. (1900). A Interpretação dos Sonhos.
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Nasio, J.-D. (2005). O Inconsciente: Uma introdução à psicanálise lacaniana. Zahar.
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Miller, J.-A. (1996). O inconsciente transferencial.
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