A Neutralidade do Psicanalista: Um Silêncio que Fala

Imagem sobre a Neutralidade na Psicanalise

A Neutralidade do Psicanalista: Um Silêncio que Fala

A neutralidade na psicanálise não significa frieza ou indiferença, mas sim a capacidade do analista de não impor seus valores, desejos ou julgamentos ao paciente. É um espaço ético de escuta, onde o sujeito pode se revelar sem medo de ser moldado.

🤐 Freud concebeu a neutralidade como uma posição técnica: o analista deve ser como uma "tela em branco", abstendo-se de conselhos ou reações emocionais. Para ele, o silêncio e a escuta atenta ajudam a revelar o inconsciente, sem que o analista interfira com suas opiniões ou afetos.

💔 Ferenczi, mais sensível ao sofrimento humano, criticou essa rigidez. Ele propôs uma neutralidade menos distante, defendendo uma postura empática e, quando necessário, intervenções afetivas. Para Ferenczi, o analista deve validar a dor do paciente, pois a neutralidade extrema pode ser vivida como abandono.

💥 Reich, por sua vez, foi radical: ele rompeu com a neutralidade ao trabalhar com o corpo. Seu foco era a liberação das couraças musculares e energéticas. Para Reich, a energia emocional bloqueada precisava de expressão ativa, e não de uma escuta passiva.

🧸 Já Winnicott trouxe uma nuance delicada. A neutralidade para ele não excluía o cuidado. Seu conceito de “mãe suficientemente boa” se estende ao analista: é preciso sustentar o setting com presença e sensibilidade. O analista deve ser um espaço confiável onde o paciente possa "brincar" com seus afetos e fantasias.

✨ Em resumo, cada autor redesenha o papel da neutralidade segundo sua visão da cura. Do silêncio freudiano à empatia ferencziana, da vitalidade reichiana ao acolhimento winnicottiano, o psicanalista se move entre o não agir e o agir com cuidado — sempre em nome do sujeito que sofre.

🧾 Etimologia da palavra "neutralidade"

Do latim neutralitas, derivado de neuter (nem um nem outro). Designa a condição de quem não toma partido, permanecendo equidistante das polaridades.

📚 Referências Bibliográficas:

  • Freud, S. – Conselhos ao Médico na Prática Psicanalítica (1912)

  • Ferenczi, S. – Diário Clínico

  • Reich, W. – A Função do Orgasmo

  • Winnicott, D. W. – O Brincar e a Realidade

  • Roudinesco, E. – Dicionário de Psicanálise

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AULA DE YOGA NA ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE PINDAMONHANGABA - SP / MINISTRADA NO DIA 05/03/2024

ALINHAMENTO NAS POSTURAS DO YOGA

AS 4 CONTRAÇÕES (BANDHAS) DO YOGA

O YOGA É INCLUIDO COMO PRÁTICA OFICIAL DE SAÚDE NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRASIL

A IMPORTÂNCIA DA MEDITAÇÃO NO YOGA

MINDFULNESS: UMA PRÁTICA DE ATENÇÃO PLENA PARA UMA VIDA MAIS CONSCIENTE

MANTRAS