A Angústia do Outro

Há um silêncio entre mim e o mundo
onde mora a pergunta que não se cala:
O que o Outro quer de mim?

Não sei.
Mas tremo.

Tremo diante do olhar que me atravessa,
do gesto que não compreendo,
da palavra que insinua um desejo —
mas nunca o diz.

A angústia,
essa centelha que arde no peito,
não nasce da ausência,
mas do excesso.
Do excesso de sentido que me escapa.
Do desejo que me interpela
sem que eu saiba o que ofertar.

Sou aquele que busca ser visto
no espelho do Outro,
mas o espelho quebra —
e me corta.

Sou pedaço de linguagem,
falta ambulante,
eco de uma demanda que nunca é minha,
mas que me funda.

E nessa falta,
nessa ausência central,
brota o que sou:
não inteiro,
mas dividido.

Porque desejar é sempre desejar o desejo do Outro,
e viver é tentar ser resposta
a uma pergunta que nunca foi feita.

 

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