Solstício de Inverno

Imagem que representa o Solstício de Inverno

O solstício de inverno — do latim solstitium, “sol parado” — é o instante em que o Sol se detém, imóvel no céu, como se respirasse fundo antes de retornar. É a noite mais longa, o auge da escuridão. Mas é também o berço da luz. Nele, o tempo se curva, o cosmos sussurra à alma: “espera, pois renascerás.” No Hemisfério Sul, o solstício de inverno, que marca o início da estação, ocorre hoje dia 20 de junho, às 23:42hm no horário de Brasília, em 2025.

Na simbologia arquetípica, representa o mergulho no inconsciente, o momento em que a psique toca seu ponto mais escuro, como Jonas no ventre do grande peixe, como Cristo na tumba, como o herói que desce aos infernos para reencontrar sua centelha. É a travessia da sombra que antecede o ouro da manhã. Freud chamaria isso de retorno ao recalque; Jung, de confrontação com a Sombra. É o ponto da virada.

Filosoficamente, o solstício é um lembrete do eterno retorno — ideia cara aos estóicos e a Nietzsche. Tudo declina para depois ascender. Morrer é necessário, dizem os mitos. E ao morrer, algo se purifica. A luz, quando volta, volta mais pura, mais consciente.

Na cultura celta, o Yule celebrava o nascimento do Sol criança. Entre os incas, o Inti Raymi reverenciava o deus solar, vital para o ciclo da vida. Na maçonaria, é tempo de recolhimento interior e reflexão — quando o Aprendiz, em silêncio, escuta o que a luz ainda não pode revelar.

O solstício de inverno não é apenas um fenômeno astronômico. É um rito da alma. É quando a escuridão nos pede confiança, e o invisível trabalha em silêncio. No frio da terra, já germina a semente da primavera.

Referências bibliográficas:

Comentários

  1. Para as sociedades discretas e exotéricas — como a Maçonaria, a Rosa-Cruz, e outras tradições herméticas — o solstício de inverno carrega um simbolismo profundo de morte iniciática, regeneração interior e renascimento da luz espiritual. É mais do que um marco astronômico; é um rito cósmico espelhado na alma humana.

    ✴ Na Maçonaria:

    O solstício de inverno, chamado de “Solstício de São João de Inverno”, é celebrado próximo a 21 de junho no hemisfério sul. Ele marca o momento simbólico em que a luz, mesmo em sua menor expressão, promete retornar. É quando o Sol está em seu ponto mais baixo, mas logo ascenderá — metáfora perfeita para o processo iniciático, no qual o profano morre para a ignorância e renasce na luz do conhecimento e da consciência.

    Esse momento simboliza:

    Recolhimento e reflexão, como o Aprendiz que medita no silêncio do seu interior;
    Purificação e preparo, como o solo fértil que repousa sob a neve antes da semeadura;
    A presença da esperança, mesmo no mais profundo escuro.

    ✴ No Esoterismo em geral:

    O solstício de inverno é visto como o portal da noite cósmica, o "útero do mundo", onde o espírito adormece para renascer mais desperto. Nas tradições herméticas e gnósticas, esse é o tempo em que a Luz interior é mais acessível, pois o mundo externo está recolhido. É quando os verdadeiros buscadores se voltam para dentro, como os antigos iniciados nos mistérios de Ísis, Mitra e Osíris.

    O símbolo solar no solstício evoca o arquétipo do Deus que morre e renasce — Horus, Mitra, Cristo — sempre associado ao retorno da consciência e da verdade.

    ✴ Conclusão:

    Para as sociedades discretas, o solstício de inverno é o silêncio que prepara o verbo, a sombra que guarda a centelha, o inverno da alma que gesta o verão do espírito. Celebrá-lo é aceitar a escuridão como parte do ciclo da luz.

    📚 Referências:

    * Hall, Manly P. The Secret Teachings of All Ages, Philosophical Research Society.
    * Mackey, Albert. Encyclopedia of Freemasonry, Kessinger Publishing.
    * Guénon, René. Símbolos Fundamentais da Ciência Sagrada, Pensamento.
    * https://freemasonry.bcy.ca/texts/solstice.html
    * https://www.sricf.org/solstice.html
    * (https://www.sricf.org/solstice.html

    ResponderExcluir
  2. Ruy, isso mexe com os nossos sentidos. Aprender sobre fenômenos astronômicos é muito bom, porém muito melhor é ter essa visão que você colocou. Jung, filosofia, culturas , doutrinas, símbolos, ritos de passagens que psiquicamente são tão importantes. Renascimentos, pontos de virada, travessias, recolhimento...ficamos com vontade de mergulhar nessa experiência. Pois é sempre bom morrer pra algumas coisas e continuar vivendo. 🙏🏻

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Paulinha, tua alma leu com o coração — e é assim que o inverno fala. Que bom saber que as palavras tocaram teus sentidos como o vento toca a pele antes da neve cair. Sim, morrer um pouco é sagrado… pois só quem se recolhe no escuro pode renascer em luz. Sigamos, amiga, nessas travessias da alma, onde o frio é apenas o ventre de um novo sol!

      Excluir

Postar um comentário

Envie seu Comentário!

Postagens mais visitadas deste blog

AULA DE YOGA NA ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE PINDAMONHANGABA - SP / MINISTRADA NO DIA 05/03/2024

ALINHAMENTO NAS POSTURAS DO YOGA

O YOGA É INCLUIDO COMO PRÁTICA OFICIAL DE SAÚDE NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRASIL

AS 4 CONTRAÇÕES (BANDHAS) DO YOGA

A IMPORTÂNCIA DA MEDITAÇÃO NO YOGA

MINDFULNESS: UMA PRÁTICA DE ATENÇÃO PLENA PARA UMA VIDA MAIS CONSCIENTE

MANTRAS