O Espelho na Psicanálise: a formação do eu imaginário

O Espelho na Psicanálise: a formação do eu imaginário

O Espelho na Psicanálise: a formação do eu imaginário

Na psicanálise, o espelho não é apenas um objeto físico, mas um conceito simbólico e estruturante. Jacques Lacan desenvolveu o que chamou de Estádio do Espelho, uma das ideias mais influentes do pensamento psicanalítico no século XX. Segundo Lacan, por volta dos 6 a 18 meses de vida, o bebê, ao se ver no espelho, tem uma primeira imagem unificada de si — algo que ainda não corresponde à sua experiência corporal fragmentada. ✨

📌 Etimologia:
A palavra espelho vem do latim speculum, que significa “superfície refletora”. Já em grego, eikon (εἰκών) — imagem — também é relacionada à noção de reflexo e duplicação. O espelho, então, é aquilo que mostra, mas também deforma e idealiza.

👶 O Estádio do Espelho

Para Lacan, ao se ver no espelho, o bebê reconhece uma imagem total de si, algo que não sente internamente, pois vive um corpo em pedaços (sem coordenação, sem domínio motor). Essa imagem externa e unificada se torna a base da construção do "eu" (moi), mas é uma ilusão — um eu ideal, não o verdadeiro sujeito do inconsciente.

🔍 Exemplo prático: uma criança que se encanta com sua imagem no espelho começa a se reconhecer como “alguém”. Essa imagem, porém, é captada do lado de fora, e serve como modelo para como ela quer ser vista pelos outros ao longo da vida.

🎭 Eu ideal x Ideal do eu

Esse eu que nasce no espelho não é autêntico — ele é imaginário. Ao longo da vida, buscamos nos moldar conforme essa imagem idealizada, desejando a coerência, a beleza, a completude. Isso se relaciona com o que Freud chamou de Ideal do Eu, uma instância psíquica formada por exigências internalizadas (família, cultura, sociedade).

😔 Exemplo: um adulto que sofre por não ser "perfeito" pode estar preso a esse ideal do espelho — uma imagem que nunca existiu de fato. A psicanálise ajuda a desmontar essa ilusão, revelando os desejos inconscientes que nos governam por trás dessa máscara.

🔄 O espelho na clínica

Na clínica psicanalítica, o "espelho" aparece de forma simbólica: o analista funciona como um espelho opaco, que devolve ao sujeito aquilo que ele mesmo fala, permitindo que se escute de outra maneira. O objetivo não é reforçar o eu ideal, mas abrir espaço para o sujeito do inconsciente — aquele que está além da imagem.

📚 Referências bibliográficas:

  • Lacan, J. (1949). O Estádio do Espelho como Formador da Função do Eu. In: Escritos. Zahar.

  • Freud, S. (1914). Introdução ao Narcisismo.

  • Nasio, J.-D. (1992). O Inconsciente é o Corpo. Zahar.

  • Miller, J.-A. (1996). O inconsciente transferencial.

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