Eros e a Pulsão de Morte: A Dança Silenciosa do Desejo e da Ruína

Eros e a Pulsão de Morte: A Dança Silenciosa do Desejo e da Ruína

♾️ Eros e a Pulsão de Morte: A Dança Silenciosa do Desejo e da Ruína

Na alma humana habita uma tensão antiga, tão ancestral quanto o primeiro grito de vida: Eros, o princípio da união, e Tânatos, a pulsão de dissolução. Freud nos revelou que o sujeito não é guiado apenas pelo desejo de viver e amar, mas também por uma força obscura que o impele à repetição, ao colapso, à morte psíquica.

🌱 Eros, do grego Ἔρως, é o arquétipo da ligação: cria vínculos, preserva, organiza. Está presente no amor, no cuidado, na arte, na palavra dita que une. Freud o identificou com a pulsão de vida, cuja missão é construir, reparar e manter a coesão do Eu.

🖤 Já a pulsão de morte, embora pareça paradoxal, é silenciosa e potente. Age por repetição, como um disco riscado que retorna ao mesmo ponto. Ela busca o inorgânico, o fim da tensão, o retorno ao estado anterior à vida. Aparece nos comportamentos autodestrutivos, nos sintomas que se repetem sem razão aparente, na compulsão de fracassar onde a vida poderia florescer.

💔 Na clínica, essa ambivalência pulsa: o sujeito diz querer curar-se, mas sabota o tratamento; clama por amor, mas repele o afeto. É o conflito entre a parte que deseja viver e aquela que, ferida, prefere apagar-se. É como se dentro de nós habitasse um duplo: um que constrói e outro que ruge contra a construção.

🔁 Os atos falhos, os lapsos, as escolhas inconscientes de sofrimento revelam a dança íntima entre o desejo de permanência e a atração pelo abismo. O trauma, como marca deixada na carne psíquica, pode servir de ninho para a pulsão de morte, que se disfarça de destino ou "azar".

💫 Contudo, Eros não cessa sua obra. Mesmo nos destroços, ergue símbolos, sonha, reencena — porque desejar é insistir na vida, mesmo que por vias tortuosas.

🔤 Etimologia

  • Eros: do grego érōs, amor, desejo, força de atração.

  • Tânatos: do grego thánatos, morte, fim, desaparecimento.

  • Pulsão: do alemão Trieb, traduzido por Freud como algo entre impulso instintivo e força interna que empurra o sujeito.

📚 Referências Bibliográficas

  • Freud, S. — Além do Princípio do Prazer (1920)

  • Laplanche, J. & Pontalis, J.-B. — Vocabulário da Psicanálise

  • Green, A. — A Morte do Sujeito

  • Safra, G. — O Mal-estar na Civilização Hoje

  • Klein, M. — Inveja e Gratidão

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